ÉBRIO (poema)
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ÉBRIO (poema)
ÉBRIO
Ando
torto pelas ruas;
Horas
nuas, madrugada.
De
calçada em calçada
No
encalço da lua;
No
acender das luzes a contar estrelas –
Posso
vê-las: cruzes, caras,
Gêmeos,
formas mil.
Diversas,
controversas,
Deformadas
Vítimas
da mente febril
(a
pureza é infantil).
A
noite é o cenário do imaginário louco
Que
pouco a pouco me distrai e
Dia
a dia me destrói.
Eis
um corpo que cai mas não dói
Um
corpo bêbado estendido no chão
Eis
um homem sem função –
Um
homem ou um cão?
Ando
torto pelas ruas;
Horas
nuas, madrugada.
De
calçada em calçada
No
encalço da lua;
No
acender das luzes a contar estrelas –
Posso
vê-las: cruzes, caras,
Gêmeos,
formas mil.
Diversas,
controversas,
Deformadas
Vítimas
da mente febril
(a
pureza é infantil).
A
noite é o cenário do imaginário louco
Que
pouco a pouco me distrai e
Dia
a dia me destrói.
Eis
um corpo que cai mas não dói
Um
corpo bêbado estendido no chão
Eis
um homem sem função –
Um
homem ou um cão?
Cristiano Pitt- Número de Mensagens : 5
Idade : 43
Data de inscrição : 27/01/2008
Re: ÉBRIO (poema)
Gostei. Manda mais.
kelner- Colunista
- Número de Mensagens : 37
Idade : 47
Localização : Rio de Janeiro
Data de inscrição : 21/01/2008
Re: ÉBRIO (poema)
Quando você se propôs, Cristiano, a fazer dísticos onde o primeiro verso é monossílabo e se relaciona - e tem que se relacionar - com o segundo, deveria continuar com esse formato até o final e dar grande intensidade às palavras que iniciam as estrofes, como fez nas duas primeiras.
Ando / torto pelas ruas;
Horas / nuas, madrugadas.
Por ser verbo, "ando" obriga o leitor a guardar na mente o primeiro verso para completar o segundo. O substantivo "horas" também deixa essa curiosidade em quem lê e se preserva forte na lembrança.
Ando / torto pelas ruas;
Horas / nuas, madrugadas.
Por ser verbo, "ando" obriga o leitor a guardar na mente o primeiro verso para completar o segundo. O substantivo "horas" também deixa essa curiosidade em quem lê e se preserva forte na lembrança.
Agora presta atenção nas duas estrofes seguintes:
De / calçada em calçada
No / encalço da lua;
Você percebe que acontece o contrário aqui? As palavras "de" e "no" não completam a estrofe, se perdem e dão uma sonoridade feia ao primeiro verso porque se busca a sílaba tônica. Acaba virando "dí calçada em calçada" e "nú encalço da rua".
Outro problema (muito comum, não se preocupe) é que, com a chegada do final, suas idéias precisam evoluir para melhor compreensão do texto e, fatalmente, os segundos versos começam a se alongar, desandando e perdendo o ritmo. A minha opinião é que, se o poema começa curto, tem que terminar curto; e se começa longo, tem que terminar longo - a menos, é claro, que ele se encurte ou se alongue gradualmente. Veja como a estrofe mais extensa perde ritmo:
Gêmeos, / formas mil.
Um / corpo bêbado estendido no chão
Quanto ao tema e à linguagem, não senti tesão ao lê-lo e as palavras estão muito comuns, talvez porque não há muitas figuras de linguagem, como metáforas e hipérboles.
De / calçada em calçada
No / encalço da lua;
Você percebe que acontece o contrário aqui? As palavras "de" e "no" não completam a estrofe, se perdem e dão uma sonoridade feia ao primeiro verso porque se busca a sílaba tônica. Acaba virando "dí calçada em calçada" e "nú encalço da rua".
Outro problema (muito comum, não se preocupe) é que, com a chegada do final, suas idéias precisam evoluir para melhor compreensão do texto e, fatalmente, os segundos versos começam a se alongar, desandando e perdendo o ritmo. A minha opinião é que, se o poema começa curto, tem que terminar curto; e se começa longo, tem que terminar longo - a menos, é claro, que ele se encurte ou se alongue gradualmente. Veja como a estrofe mais extensa perde ritmo:
Gêmeos, / formas mil.
Um / corpo bêbado estendido no chão
Quanto ao tema e à linguagem, não senti tesão ao lê-lo e as palavras estão muito comuns, talvez porque não há muitas figuras de linguagem, como metáforas e hipérboles.
Mas é isso aí! Eu sou chato mas vamos em frente!
GUSTAVO
Obrigado pelas lúcidas considerações.
Na verdade, originalmente as palavras que aparecem isoladas (ando, horas, de, no) não constituiriam um verso. O problema é que não consegui formatar direito o texto aqui no fórum.
"Ando torto pelas ruas
Horas nuas, madrugada", e assim por diante:
Isso seria o correto, como pode se comprovar no meu blog (http://spaces.msn.com/members/pittbrasil). Acho que vou apagar o post, abandonar o CTRL+C + CTRL+V e redigitá-lo.
Quanto ao uso das palavras "comuns", ele é consciente, proposital e de certa forma até ideológico, pois não suporto a poesia pedante, exclusivista, que utiliza de linguagem rebuscada para erudizer-se (?).
É a minha opção, paciência.
Mas agradeço MESMO pelas considerações e, principalmente, por ter dedicado teu tempo a essas tortas linhas.
Na verdade, originalmente as palavras que aparecem isoladas (ando, horas, de, no) não constituiriam um verso. O problema é que não consegui formatar direito o texto aqui no fórum.
"Ando torto pelas ruas
Horas nuas, madrugada", e assim por diante:
Isso seria o correto, como pode se comprovar no meu blog (http://spaces.msn.com/members/pittbrasil). Acho que vou apagar o post, abandonar o CTRL+C + CTRL+V e redigitá-lo.
Quanto ao uso das palavras "comuns", ele é consciente, proposital e de certa forma até ideológico, pois não suporto a poesia pedante, exclusivista, que utiliza de linguagem rebuscada para erudizer-se (?).
É a minha opção, paciência.
Mas agradeço MESMO pelas considerações e, principalmente, por ter dedicado teu tempo a essas tortas linhas.
Cristiano Pitt- Número de Mensagens : 5
Idade : 43
Data de inscrição : 27/01/2008
KELNER
Muito obrigado.
Mandarei mais.
Mandarei mais.
Cristiano Pitt- Número de Mensagens : 5
Idade : 43
Data de inscrição : 27/01/2008
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